Síria: a Onu está transformando carniceiros em parceiros para a Paz
Agora è um país destruído com mais de 120 mil pessoas mortas – quase igual aos feridos e permanentemente inválidos – e milhões dispersos e milhões de deslocados, 2,5 milhões de refugiados deslocados internamente, e entre 6,5 e 7 milhões de refugiados deslocados externamente. Nós nem sequer sabemos quantos órfãos e viúvas sírias existem ainda.
Agora a Onu apela para a ajuda a lidar com a crise dos refugiados na Síria. Dois dos principais responsáveis da crise, a Arábia Saudita e o Qatar, foram convidados a fornecer ajuda pela organização. Arábia Saudita, Qatar, Turquia, França, Grã-Bretanha e EUA são os mesmos países que trouxeram morte e destruição para a Síria e seu povo. Porém a Onu quer que aqueles com sangue sírio em suas mãos ajudem a curar e reconstruir a Síria.
Quem é que a ONU está tentando enganar? Ela tem sido complacente nas tramas contra a Síria. A organização tem feito nada para parar a interferência regional e ocidental dentro da Síria.
Devemos acreditar que os mesmos açougueiros que atacaram e invadiram o Iraque, o Afeganistão e a Palestina através de Israel – sua entidade representante ilegítima – realmente se preocupam com a democratização da Síria e dos direitos humanos para o seu povo?
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A administração de Obama votou contra a licitação palestina, em novembro 2012, para o status de “estado observador” na Onu, ameaçou una guerra contra a Síria, e declarou que o boneco “Syrian National Coalition” é o único representante do povo sírio. Ela queria nada menos do que uma mudança de regime na Síria.
A Turquia de Erdogan tem sido um jogador dissimulado. Ele tem atuado como agente de morte sob o pretexto de apoiar a democracia na Síria.
Este é o mesmo Erdogan que continua a infligir morte e miséria à população curda na Turquia, na Síria e no Iraque com seus F16 e tanques, porque eles se atrevem a pedir a autodeterminação e a igualdade de direitos.
Todos nós lembramos muito bem a sua resposta às demandas de seus próprios cidadãos para a democracia, na Praça Taksim de Istambul.
A Arábia Saudita envia tanques ao Bahrein para reprimir e oprimir Bahrainis desarmados com demandas legítimas por reformas políticas e igualdade perante a lei.
A mesma Arábia Saudita esmagou a sua própria oposição interna desarmada simplesmente porque ela queria democracia e igualdade.
O Qatar, diabo por trás da destruição da Líbia, não foi satisfeito com os resultados catastróficos lá. Doha quer duplicar o destino da Líbia para a Síria.
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O “triângulo da morte” da Turquia, Arábia Saudita e Qatar, uma aliança profana, está armando e bancando a “oposição síria” e enviando mercenários assassinos que cometem atrocidades e atos de violência extrema contra a Síria, seu povo e instituições.
A sua intervenção mortal e direta na Síria, está pavimentando o caminho para os “cães de guerra” a serem desencadeadas no “berço da civilização”.
A calamidade na Síria não está contida só nas fronteiras sírias. Há implicações muito perigosas para toda a região, e para a Questão Palestina em específico.
Quando os países serão divididos com base em linhas sectárias viciosas e a morte imporá seus efeitos sobre as pessoas da região, a Palestina será esquecida.
O plano real é submeter a Síria, sufocar qualquer resistência à hegemonia norte-americana e dar a Israel a vantagem de controlar a região.
Depois que a Síria estiver conquistada ou destruída, a fase seguinte será passar para os próximos países que ainda resistem.
Se tiver sucesso, a guerra contra a Síria não vai acabar com a essa.
A aliança profana da OTAN, Arábia Saudita, Turquia, Qatar e os fundamentalistas está tentando destruir a Síria, particioná-la e, pelo menos, ter certeza de que nenhum governo forte possa permanecer em vigor e levantar-se contra Israel e a hegemonia norte-americana.
Parece que os regimes do Golfo, reacionários, anti-secularistas, anti-Irã e anti-resistência desejem lutar até a última gota de sangue sírio a fim de irritar o Irã e servir os interesses dos EUA e de Israel.
Enquanto o Líbano estava queimando no verão de 2006, os EUA apoiaram ataques brutais de Israel no Líbano e declararam o início do “Novo Oriente Médio”.
Falando de Tel Aviv, numa conferência de imprensa, Condoleezza Rice anunciou esse “Novo Oriente Médio”.
Esta chamada para o “Novo Oriente Médio” é quase inteiramente baseada na tese de “Blood Boarders” que foi publicada por Ralph Peters com uma proposta de mapa redesenhando a região.
Curiosamente, o mapa foi retirado do artigo original, mas ainda existe no YouTube e outros sites.
Síria é apenas parte do que Peters escreveu em 1997: “Não haverá paz. Em qualquer momento para o resto de nossas vidas, haverá vários conflitos no mesmo tempo em formas mutantes ao redor do globo.
Os conflitos violentos vão dominar… O papel de facto das forças armadas norte-americanas será manter o mundo seguro para a nossa economia e aberto ao nosso assalto cultural. Ao final, nós iremos fazer uma grande quantidade de mortos”.